IMPACTO DE REPASSES FEDERAIS EM DESASTRES HIDROLÓGICOS NO ORÇAMENTO PÚBLICO DE MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Helenice Souza Gonçalves, Yony de Sá Barreto Sampaio

Resumo


Desastres são eventos inesperados que alteram a normalidade dos locais atingidos. Seu impacto sobre a economia tem sido estimado, mas pouco se escreveu sobre o impacto sobre a programação e a execução do orçamento público. Entre 2010 e 2016, 1.872 municípios conseguiram a validação do decreto de desastres hidrológicos pela União, e destes, 40% obtiveram auxílio federal para a recuperação local. Com o objetivo de compreender como os desastres naturais influenciam a execução orçamentária, analisou-se o orçamento dos municípios brasileiros que tiveram decretos reconhecidos pelo governo federal. Através da estimação econométrica identificou-se que das funções estudadas, apenas gastos com Saúde e Gestão Ambiental não foram impactadas pelos eventos hidrológicos. As demais funções estudadas – agricultura, assistência social, saneamento, segurança pública e urbanismo – tiveram suas despesas aumentas, possivelmente para atender perdas econômicas e sociais ou para recuperação de infraestrutura. Percebeu-se a importância dos repasses da União para os municípios, pois na presença desta variável não foi observado influência estatisticamente significante do desastre nas funções orçamentárias pesquisadas. Destaca-se a necessidade de maior cooperação entre os entes federativos seja na prevenção ou no atendimento das perdas humanas, sociais e econômicas, quando da ocorrência de desastres.


Texto completo:

PDF

Referências


ACETO, L. et al. Analysis of damaging hydrogeological events in a Mediterranean region (Calabria). Journal of Hydrology, v. 541, p. 510–522, 2016.

BACHNER, G.; BEDNAR-FRIEDL, B. The effects of climate change impacts on public budgets and implications of fiscal counterbalancing instruments. Environmental Modeling & Assessment, 2018.

BARONE, G.; MOCETTI, S. Natural disasters, growth and institutions: a tale of two earthquakes. Journal of Urban Economics, v. 84, p. 52–66, 2014.

BENALI, N.; MBAREK, M. Ben; FEKI, R. Natural disaster, government revenues and expenditures: evidence from high and middle-income countries. Journal of the Knowledge Economy, 2017.

BERLEMANN, M.; WENZEL, D. Hurricanes, economic growth and transmission channels: empirical evidence for developed and underdeveloped countries. World Development, v. 105, p. 231–247, 2016.

BRASIL. Lei n° 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC; autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres; altera as Leis n° 12.340, de 01 de dezembro de 2010, 10.257, de a0 de julho de 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239, de 04 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 abr 2012.

BRASIL. Lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 maio 2000.

CARMO, F. F. do et al. Fundão tailings dam failures: the environment tragedy of the largest technological disaster of Brazilian mining in global context. Perspectives in Ecology and Conservation, v. 15, p. 145–151, 2017.

CARUSO, G. D. The legacy of natural disasters: the intergenerational impact of 100 years of disasters in Latin America. Journal of Development Economics, v. 127, p. 209–233, 2017.

CAVALCANTI, F. Voters sometimes provide the wrong incentives. The lesson of the Brazilian drought industry. , no 88317. Barcelona: [s.n.], 2018.

DANZER, A. M.; DANZER, N. The long-run consequences of Chernobyl: evidence on subjective well-being, mental health and welfare. Journal of Public Economics, v. 135, p. 47–60, 2016.

DEBORTOLI, N. S. et al. An index of Brazil’s vulnerability to expected increases in natural flash flooding and landslide disasters in the context of climate change. Natural Hazards, v. 86, p. 557–582, 2017.

DOLMAN, D. I. et al. Re-thinking socio-economic impact assessments of disasters: the 2015 flood in Rio Branco, Brazilian Amazon. International Journal of Disaster Risk Reduction, v. 31, p. 212–219, 2018.

FELBERMAYR, G.; GROESCHL, J. Naturally negative: the growth effects of natural disasters. Journal of Development Economics, v. 111, p. 92–106, 2014.

FREITAS, C. M. de et al. Desastres naturais e saúde: uma análise da situação do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 9, p. 3645–3656, 2014.

HE, B. et al. Analysis of flash flood disaster characteristics in China from 2011 to 2015. Natural Hazards, v. 90, n. 1, p. 407–420, 2018.

HOCHRAINER-STIGLER, S. et al. Government liabilities for disaster risk in industrialized countries: a case study of Australia. Environmental Hazards, v. 17, n. 5, p. 418–435, 2018.

JACOBI, P. R. Governança ambiental urbana em face das mudanças climáticas. Revista USP, v. 109, p. 133–142, 2016.

KOETSIER, I. Types of natural disasters and their fiscal impact. , Discussion Paper Series., no 17–18. [S.l: s.n.], 2017.

LIMA, R. C. de A.; BARBOSA, A. V. B. Natural disasters , economic growth and spatial spillovers: evidence from a flash flood in Brazil. Papers in Regional Science, p. 1–20, 2018.

LIS, E. M.; NICKEL, C. The impact of extreme weather events on budget balances. International Tax and Public Finance, v. 17, n. 4, p. 378–399, 2010.

LONDE, L. de R. et al. Vulnerabilização, saúde e desastres socioambientais no litoral de São Paulo: desafios para o desenvolvimento sustentável. Ambiente & Sociedade, v. 21, p. 1–24, 2018.

LONDE, L. de R.; SORIANO, E.; COUTINHO, M. P. Capacidades das instituições municipais de proteção e defesa civil no Brasil: desafios e perspectivas. Revista do Departamento de Geografia, v. 30, p. 77–95, 2015.

MELECKY, M.; RADDATZ, C. Fiscal responses after catastrophes and the enabling role of financial development. World Bank Economic Review, v. 29, n. 1, p. 129–149, 2015.

MIAO, Q.; HOU, Y.; ABRIGO, M. Measuring the financial shocks of natural disasters: a panel study of U.S. States. National Tax Journal, v. 71, n. 1, p. 11–44, 2018.

MINERVINO, A. C.; DUARTE, E. C. Danos materiais causados à Saúde Pública e à sociedade decorrentes de inundações e enxurradas no Brasil, 2010-2014: dados originados dos sistemas de informação global e nacional. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 3, p. 685–694, 2016.

NOY, I.; NUALSRI, A. Fiscal storms: public spending and revenues in the aftermath of natural disasters. Environment and Development Economics, v. 16, n. 1, p. 113–128, 2011.

OUATTARA, B.; STROBL, E. The fiscal implications of hurricane strikes in the Caribbean. Ecological Economics, v. 85, p. 105–115, 2013.

RIBEIRO, F. G. et al. O impacto econômico dos desastres naturais: o caso das chuvas de 2008 em Santa Catarina. Planejamento e Políticas Públicas, v. 43, p. 299–322, 2014.

SKOUFIAS, E.; STROBL, E.; TVEIT, T. The reallocation of district-level spending and natural disasters evidence from Indonesia. , Policy Research Working Paper., no 8359. 2018.

ŠPITALAR, M. et al. Analysis of flash flood parameters and human impacts in the US from 2006 to 2012. Journal of Hydrology, v. 519, p. 863–870, 2014.

UNTERBERGER, C. How flood damages to public infrastructure affect municipal budget indicators. Economics of Disasters and Climate Change, v. 2, n. 1, p. 5–20, 2018.


Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia